Entre sem se perder...

domingo, 13 de agosto de 2017

EM NOITES DE TEMPESTADE



Deus caminha na escuridão.
A escuridão não enxerga no escuro.
Acende uma fagulha e
Deus se faz enxergar.
A treva não se contenta com pouco...
não quer faísca, quer vela...
Deus mandou um castiçal.
A escuridão queria mais...
O iluminado 
enviou seu candelabro. 
Não bastou...
E não bastou lanterna
pra quantidade de névoa.
A luz, generosa,
aportou um anjo de auréola.
Era menina e chorava.
A escuridão mandou embora 
a criança, a mãe e a ingenuidade.
A escuridão obscureceu a versão.
A escuridão foi aumentando,
aumentando...
A escuridão quer ser infinita.
Mas infinito é o amor divino.
Deus acendeu holofotes azuis.
Os holofotes desejaram lâmpadas
para iluminar a cena... lâmpadas
também azuis celestes.
A escuridão não se conteve.
Cegou pra sempre os olhos.
Numa última tentativa,
Deus mandou a Lua cuidar do assunto...
A Lua ilumina a escuridão de todas as noites.
A escuridão riu da Lua.
A sombra achou que a Lua minguaria.
Mas Ela cumpre preceitos divinos.
Mesmo que viva mudando de face
é sempre anunciação.
A escuridão aumentou muito, muito...
... mata muito devagar o menino sombrio
(...)
Que podendo ser iluminado até por pirilampo,
prefere que Deus envie, envie relâmpago.

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