Ninguém esquece o inesquecível!
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Encurralado?
Criamos conteúdos morais incríveis,
capazes de justificar a nossa incapacidade de
compreender
- que decidir pela ética -
é sempre ir
bem além
do nosso próprio destino.
Cruenta
Arrancamento
da espera.
Curetagem
do germe.
Debridamento
das horas.
Dissecação
da palavra.
Letras
que não estacam
a
lapiseira hemorrágica.
Deslocamento
da lógica.
Divulsão
das partes.
Escarificação
do destino.
Esmagamento
da vontade.
Incisão
da atitude.
Estocada
planejada do ponto.
Deita
no espaço morto das linhas.
Lacera
os parágrafos.
Deiscência
completa.
A
voz permanece obliterada.
O
eco insiste em repetir teu nome.
Meu
texto é textual
pra
pleonasmo ter contexto.
Abrasão
do papel.
Avulsão
que faz tudo avulso.
Punção
não do líquor,
mas
de todo o licor.
Não
adianta chorar
pela
tinta derramada.
Só
posso escrever
sobre
superfície seca.
Por
isso demoro.
Sobre mesa
De entrada pão.
Reparti o pão.
Contei histórias de trigais.
De olhai os lírios...
No campo...
te dei de beber.
Vinho da melhor pipa.
Vinho tinto
pra que pudesse escrever.
O mais puro leite servi.
Ofereci algo leve.
Aumentei
porções de poções.
Te levaria pro caldeirão...
Nesse cadinho de fogo
que alimento...
Quando te vi enjoado,
indisposto, congesto.
Só queria que tu comesse.
Só queria te alimentar.
Não importa que tu foste.
A comida continua quente.
Em cima da mesa...
Haverá de haver
alguém com mais fome.
Gira, gira, girafa...
Carrossel
descontrolado...
Maior
a queda
Maior
o salto...
Menor
és solto.
Fale
com alguém
a
tua altura.
E
um lembrete:
Ungulado
não tem unha.
Tente
uma escada...
em
caso de emergência.
Tente
namorar a lua
É
a única que
além
de nua é crua.
És
camelo, leopardo
ou
uma mistura?
Pobre
bipolar criatura!
Tropismo
pelo egoísmo?
Incline
o pescoço...
Lembre:
o teu coração
é
o maior do reino.
Do
chão, ele te ergue.
Pavão Misterioso
Amanhã
serás
espanador...
Espalha
dor
amanhã
serás.
Cante
para
o
chuveiro.
Cante
para
o
espelho.
Cante
para
que
tu aplaudas.
Minta
ao microfone.
Atue
no oco
auditório
do teu peito.
Apego
aos próprios
apegos
próprios.
Faça
parte dos
Ególatras
Conhecidos.
Eles
não tem associação
e
não seriam anônimos.
Turista
preocupado
não
goza a viagem.
Não
goza da aventura
de
viver o outro.
Só...
se
masturba.
Desafogada
Há um oceano
de felicidade.
Só batiza
quem merece.
A tristeza
não é febre alta.
É doença crônica.
Dirão...
crias algo do nada.
Mas é o tudo
que invade.
Sozinho serás
menos infeliz.
Tua raiva
solidão.
Tua solidão
ocupação.
Veja o vazio.
Teus ossos
não dormem.
Fósseis esquecidos.
O esqueleto decora
histórias submersas.
Ninguém mais
é especial.
Todas iguais.
Tentando te salvar
dos teus crimes...
tu voltas a matar.domingo, 27 de novembro de 2016
Nunca fui flor...
A
insônia cantará
lindas
canções de ninar.
Não
pregue olhos.
Não
pague contas.
Pendure
as chuteiras.
Pendure-se.
Não
conte ovelhas.
Enumere
remorsos.
Arraste-se...
Sente-se
à beira da vida.
Joelhos
sem fôlego.
Discurso
mudo.
Silêncio
balbuciante.
Sem
pulso
Morto-vivo.
O
sino tocará
para
acompanhar
teu
lento suicídio.
Tens
escolha:
Sonâmbulo
ou dopado?
Tranca
Há
uma chama
lampejo
de ideia.
Há
o sino da igreja.
Cintila
na calada
teu
espectro falido.
Faísca
uma memória.
Teu
caixão aberto.
A
inadmissibilidade.
Nasce
a morte.
Surge
o gosto
pela
escuridão.
E
o catre te abraça.
O
colchão aprisiona.
A
ansiedade brinca de
"tenha
calma".
Dança
a depressão
das
horas arrastadas.
Faça
planos...
E
serão destruídos.
Bonequinha de Luxo
Imagem - Bonecas de Marina Byckkova
Nem
bibelô,
nem
enfeite.
Nem
boneca inflável.
Nem
a noiva de cima.
Sou
o bolo.
Inabilidade
com porcelana?
Liga
pra secretária eletrônica.
Procura
uma cópia minha
em
Rivera...
Desiste
do Uruguay...
Teu
lugar é o Paraguay.
As
mais delicadas
são
as mais articuladas.
Habituado
com marionetes?
Há
fios tecidos pelo invisível.
Aqui
o brinquedo fala
sem
que se aperte botão.
O
sequestro das meias
era
pra rebelião de fantoches?
Mágica
é para ilusionista.
É
teu o teatro de sombras.
Quem
gosta de charadas
não
brinca bem de casinha.
Gosta
de palco,
porque
precisa de plateia.
Meu
robozinho,
te
dei muita corda...
Corda
para subir.
Enrolado
nos meus cachos
tu
ascenderia...
mas
com toda a corda,
tu
te enforcaste.
Rainha
Imagem - Bonecas de Byckkova
Beija
meus pés,
lembrando
de outra.
Cobre
meu corpo,
pretendendo
outro útero.
Escreve
pra todas,
simulando
que sou una.
Tatua
a própria pele,
pra
apagar da mente.
Sou
a última das nobres,
e
a melancolia me impede de rir...
daquele
que ao pretender ser rei,
nunca
passou de um bobo da corte.
Dublê de corpo
Escreves
para que eu não leia.
Leio
para que escrevas.
Os
homens são como
"satanás
sorridente sentado".
Dou-lhes
duchas de gelo.
Veja
o buquê de flores.
Olhe
rosas brancas.
Branco
leitoso cristal.
Não
me aperte assim.
Não
aumente a voz.
E
por favor, cale.
Não
prometa.
Não
me terceirize.
Não
derrame o nosso leite.
Há
coisas que precisam
de
um copo bem cheio.
Não
me amas escondido.
Há
plateia te aplaudindo.
Enquanto
te sobra desejo.
Só
preciso de amor.
Cortejo
Hoje,
subitamente,
Talvez
por distração...
Deixei
uma das alças
da
tua esquife cair.
(...)
sinto muito.
Da parte de quem?
Alô.
É domingo?
Não.
Hoje é feriado.
Mas
está chovendo.
Hoje
faz sol. Estou vendo.
E
se a ligação demorar
pode
custar caro...
Logo
me farei noite.
E
goteja poesia.
Escorrem
versos
úmidos
de
inundar guardanapos...
Confessas
o inconfesso,
sem
que eu queira saber.
Enxuga
meus olhos,
navego
nos teus.
Assim,
me perco
no
teu olhar marejado
e
verdoso.
Não
sentiu meu gosto.
Jantarás
meus lábios.
Amanhã
te
apresento Deus.
Ele
é mulher.
Meu
lado negro
te
deseja morto.
Saberá
quem és.
Se
azul é a cor mais quente.
Vermelho
pode ser a mais fria.
Continue
ligado,
porque
não é engano.
Só
me traz palavras.
Embrulhadas
como eu.
Serei
a mais feliz de todas.
Ensinar
é
extremamente
erótico.
Comprometa
a razão
e
cometa emoção.
Carpideiras
Como
não tem pressa?
Deu
tempo do cabelo crescer.
Deu
tempo de pegar piolho.
Deu
tempo de ter câncer.
Deu
tempo de raspar.
Deu
tempo de nascer de novo.
Deu
tempo de ter outra queda.
Deu
tempo de cortar.
Deu
tempo de trocar de cor.
Deu
tempo de usar a última tendência.
Deu
tempo de fazer o último penteado.
Deu
tempo de virar resto.
Deu
tempo de colocar dentro da caixa.
Deu
tempo de pagar pra que chorassem.
Corre...
Dá tempo de saber o número
da lápide.
Ampulheta
Somos um pouco de
tudo
ou um muito de nada?
O que importa...
é que não importa.
E nada te impede.
Não vem de carro...
Vem de patinete.
Deixa de ser
infantil.
Só quero apostar
todas as minhas
conchas
numa tarde no
Cassino.
Afinal,
não passamos
de um projeto de
peixe.
Preciso de castelos
na areia.
Vem morar comigo?
À beira mar é o teu
lugar.
Meu silêncio
é obediência.
Entrei pra dentro.
Ouvi o toque de
recolher.
A areia é o tempo
que se encontra
com a sua metade.
Deixo o amor
em todas as coisas.
Para um dia
deixar tudo por amor.
Senão, me perco...
Ah, seu moço...
Obrigada por ficar.
Por dividir a dor.
Por pretender os lençóis.
Ah, seu moço...
Espera o tempo...
Não sei quanto dele.
Se é horário novo,
dá pra voltar mais cedo.
Mas espera...
Ah, moço velho...
Eis uma velha moça...
Acende a luz pra mim.
Esqueci de pagar a conta.
O escuro tem medo de mim.
Estou no canto da sala.
... atrás do sofá.
... junto com a sujeira.
Debaixo do tapete.
Estou atrás...
atrás de mim mesma.
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