Entre sem se perder...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Crime e castigo


Quando inicia
fala aos meus pés...
se detêm em ouvir os dedos
que murmuram.
Ao calcanhar inconfessável
segredos vulneráveis.
Ensurdece os vizinhos.
(...)
Ocupa-se longamente
e permanece
permanece.
Morde meus lábios
todos os lábios.
Pequenos
médios
grandes...
me descobre
me cobre
me cobre.
Brinca de esconde-esconde
nas coxas emprestadas.
Sua
sua
sua.
Soa poesia pela boca
sua boca pelo corpo
seu corpo pelo meu.
Em par
somos ímpares.
E repete
repete...
Até exaurir os lençóis
manchar as paredes
enguiçar a janela
incendiar o abajur.
E chama
chama...
Faz suar o banheiro.
envergonha a fechadura
queima a comida.
Devora tudo o que sou.
Até que eu suplique
não posso.
Até que implore
chega.
Até que desmaie.
Acordamos
naquele horário
cientes do que fizemos.
Só nós dois sabendo
em que estado
abandonamos os corpos.