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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Atraso

As palavras não encontram solução nelas mesmas.
Mas insistem
e se botam no papel.
Os ossos dela serão despejados por falta de pagamento.
A carne de outra sofrerá ordem de despejo.
E despojada falo tudo isso
que se insurgi contra o papel.
Então despejo sobre ti este monte de palavras.
E todos os dias ao acordar
redijo uma carta de despejo
que alguém deixa de cumprir.
As palavras estão fartas de pagarem
um aluguel tão alto.
As palavras passaram a inadimplir.
Toda e qualquer palavra tua
necessita fiador.
Não sei porquê gasto papel com estas coisas.
Não sei.
Não sei.
Escrevo só de teimosa.
Escrevo só pra ganhar tempo.