Entre sem se perder...

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Tantra Regra


Na hora da fome,
todos perdemos a elegância.

Deixe vir a mim




Todas as noites engravido
um sonho recorrente de gestar.
Sinto uma alma no ventre
que só me ama,
sem que me possa tocar.
Durmo embalada
por muitas crianças
que nunca puderam chegar.

Dama sem doma

(George Clairin - Dama das Camélias)



Dom Camilo...
 
Valho algum camelo,
ou sou de camelô?

Podia assinar Camila,
mas prefiro Camélia.

Pisces





Conte até doze.
Mergulhe no último.
Afogue-se.
É o aquático mutável.
Meia lua pra baixo.
Meia lua pra cima.
Escamoteia de cristão,
com escamas de pagão.
Vá até 360º e pare.
Beba do fleumático líquido.
Secreto universo,
banhado em silêncio.
Santo e louco.
Gênio e medíocre.
Glifo de extremos.
Útero e morredouro.
Nascedouro e calunga.
Jesus pescava homens.
Seriam asas de nadar
ou nadadeiras de voar?
Salve o que respira
dentro d' água.
Mudo, distante, secreto.
Zona profunda do contemplativo.
Peixes morrem pela boca.
Na imensidade do inconsciente,
multiplicam-se.
DAGUIM - e o sentido do cardume.
Santificação molhada.
Reduto primordial.
Mar-verde-ambivalente.
Meu-mar-mítico.
ICHTHUS - para quem tem fome!
A água é pele
que ninguém fere.
Onde começa a gota,
termina o oceano.
Filhos do domínio de Netuno.
O pó retorna ao pó,
a psique ao oceano.
Não reconhecem limites.
Não há forma possível.
Na lâmina d'água,
a fronteira entre dois mundos.
Eles não dormem,
alternam vigília e repouso.
Tente...
agarre um deles com as mãos!
Na superfície, morrem.
Na profundidade, tesouros.