Entre sem se perder...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Poesia de Pedra


Pedro era uma espera.
Por Pedro esperei a vida toda.
Pedro deveria ter vindo.
Mas Pedro morreu.
Só eu sinto esta dor.
Prematuramente
Pedro morreu.
Pedro preferiu não vir.
Pedro preferiu
abrir os olhos bem antes.

Nulo


Vôa uma fina película de números sobre o asfalto.
Dá pra ver o riso honesto
do sem vergonha.
A cidade desfila o silêncio
de um dia de festa
sem acompanhamento.
Guarda-se na urna
restos secretos
de uma ética absolutamente mortal.
Há um entusiasmo desdentado em cada esquina.
É o carnaval dos porta-bandeiras.
É o dia sagrado dos demos.
As ruas se arrastam
cheias dos sujeiras
ouvindo-se o tempo todo
o barulho estridente
de quem confirma no verde
a desesperança.