Entre sem se perder...

sábado, 27 de agosto de 2016

Atormentado

  A TUA AÇÃO
A TUA DOR

Amnésia


Daqui onde estou

é linda a vista.

Aguardo o próximo

que me corteje.


Quanto a ti...

espero que durmas

ou que nem acordes.



Há uma brisa leve

que dança envolta.

Há uma beleza

que ninguém me tira.



Quanto a ti...

nada muda.

Idas e vindas

a próxima ilusão,

a próxima despedida,

a próxima.



Onde estou

Tudo faz sentido.

Há uma organização.

Há verdade.

Há sinceridade.



Quanto a ti...

Já nasceu enterrado.

Não há solução.

Só há falência.



Onde estou há poesia

Pode-se ver à cores.

E só se mergulha

em piscina de bolinhas.



Quanto a ti...

Segue teus passos.

Seja guiado

por tua sombra.

Morra abraçado

nos teus múltiplos egos.



Quanto a ti...

do que eu estava

falando mesmo?

Sinfonia sibilante em "s"

Surgem sutis serenatas...

Simplesmente saem seus sons.

Sereias serenam suas sirenes.

Simulam saberem segredos.

Secretam sangue, suor e seiva.

Solenes, sinceras, sorriem.

Simples, sozinhas, solitárias.

Soam sempre sua sina de sofrer.

Servem sem sins, sem senãos.

São só seus sentidos.

Sofrem só sendo silêncio.

Dando volta

Já é hora...

Viro páginas coladas.

Saem rabiscos hercúleos.

Nasce um poema

com cara de senil.

Palavras que sofrem 

das articulações...

Monossílabos que

tratam de dor.

E a vida recomeça

abortada.

No momento,

não me ocorre rima 

para a tal felicidade.

Tomé não era são

Sem sombra de dúvida,
a sombra vive na dúvida.

Vinda Bem, Bem-vinda...

Terminamos de gestar

um poema

sem hora pra acabar.

Escrita em meio ao nada...

Acabando no papel

a menina inacabada.

Que flores te cubram.

Que o leite da mãe

te perfume.

Nata da mais bela dona.

Que sendo leonina,

não seja mandona,

mas felina

ou um primor de menina?

Descubra cedo 

que todo o gato sorri...

Que todo o chapeleiro

é meio maluco...

Se depender do pai

entenderás o atraso

de todo o coelho.

Que a areia te explique

a imensidão.

E o cosmo a limitação.

Recém saída 

do País das Maravilhas.



Quem é você? 

Eu? Eu sou Alice...



Alice, pergunte-se:

Quem é você?

A sua mercê


Não, não há de quê...
Penso nos cantos.
Pensa que cantas. 

Não, não há de quê...
Tu menos fraco.
Eu junto o caco. 

Não, não há de quê...
Apaguei a louza.
Lavei a louça.

Não, não há de quê...
Fiquei com tudo.
Sem conteúdo. 

Não, não há de quê...
Falo com tudo.
E o criado mudo. 

Não, não há de quê...
Cortei a linha.
Fiquei na minha. 

Não, não há de quê...
Fiquei de costa.
Como tu gosta. 

Não, não há de quê...
Pediu a bunda.
O amor afunda. 

Não, não há de quê...
Não se desculpa.
Ninguém tem culpa. 

Não, não há de quê...
Deus cobra a conta.
e bem redonda. 

Não, não há de quê...
Não tem dinheiro, não?
Ele aceita cartão... 

Não, não há de quê...
Deus cobra,
Deus cobra.

Comigo...

Sou mulher 

pra quem sonhou

ter mais de uma.


Breja eu?


(...) tentada a procurar
príncipes em cavalos,
era felizarda a encontrar
sapos em jegues.

O fim sempre era uma vez...

Silêncio


... mas não digo.
só há segredos.
O melhor da vida...
é inconfesso.
Nunca mais ouvirás.
Nunca mais.
Uma única palavra.
Nunca mais.
Restarás tagarela.
Fala pros amigos.
Conta ao psiquiatra.
Pede ajuda aos universitários.
Disputa o colo da mãe.
Chora em outro colo.
Grita pro mundo. 
Repete pra ti mesmo.
Ninguém acreditará.
Ninguém sabe que existo.
E até tu,
em breve esquecerás.

Sem Hora


Demora...
Perde tempo...
Ultrapassa...
Não passa.
Cala...
Não fala...
Deixa o dia virar.
Dia virá.
Depois me vira. 
Não fala...
Cala...
Não falha.
Deflora.
Em noite de demanda,
tu não comanda.
É só silêncio.
Sem hora.
Sem fim.
Sem hora
viro.
Viro...
Viro sem demora,
tua senhora.

Nascendo no serrado


No equinócio
me verás florescer... 
Todo o concreto 
será abstrato. 
Espera que chego. 
De repente, 
chego. 
Subiremos rampa... 
Subiremos graus, 
degraus. 
Dia 22, às 14:21h 
será primavera. 
Todos os horários 
serão de Brasília. 
Viverás o cio da terra... 
Não haverá 
umidade relativa. 
Espera que chego. 
De repente, 
chego. 
Chego pra mostrar 
onde fica o centro-oeste 
no meu corpo.