Entre sem se perder...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Era uma casa...


O sonho encantado
abandonou o chalé de madeira.
A casa amarela,
amareleceu um dia.
Acordou num tom sombrio,
quase ferrugem.
(...)
Se mudaram para o lado
duas nuvens carregadas.
A dona da casa passou a viver
aos lampejos.
A dona da casa conjugava
sala e cozinha no presente
os verbos no passado.
A dona da casa se envenenava
diariamente,
limpando banheiros.
E passou a achar dois filhos muito,
gato e cachorro muito,
as peças de casa muito.
Marido muito pouco.
A dona da casa
aumentou de peso.
Passou a pesar.
Tudo que era leve,
pesava.
A dona passou a sofrer
de uma doença danada.
A dona da sobrecarga
era dona de canteiros de morango.
Morangos também carregados
que colhiam
cotidianamente
toda a poesia,
incapaz de enxergar.