Entre sem se perder...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Batismo




Carrego comigo a carga de todas as fêmeas

a indigestão de todas as raças

o mal estar de todos os tempos.

Não deixo nada guardado.

São os segredos que me despejam

me expõe

me botam pra fora.

Não digiro nada direito.

E sofro ao pensar

que tudo está bem.

Prefiro a fome

porque a cegueira não mata.

Pensar que o mundo são só partículas

é morar na zona de conforto.

É preciso muita fé

pra ser materialista.



Este poema dedico ao ateu

que ontém

enterrei rezando.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Desnudando

Estamos Marias e Josés
mas não somos Josés
nem Marias.
Estamos
mas não somos.
Vestimos roupas emprestadas
roupas perecíveis.
Roupas que aguardam
serem guardadas
num luxuoso armário de madeira
também sem importância.
Aguardamos o dia solene
do abrir e fechar
sem chaves.
E pela passagem secreta
alguns descobrirão
o fundo do armário.
Alguns acenderão a luz
outros demorarão
a encontrar o interruptor.
Não choro por aqueles que perderam a roupagem.
Choro sempre pelos apegados demais
as próprias vestes.

domingo, 13 de junho de 2010