Entre sem se perder...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Dias de Marcílio


Dobrar aquela esquina é como entrar por uma passagem secreta.
Bons tempos da Marcílio Dias.
Aquela ruazinha da Azenha parece só existir pra mim.
Ali
parada no tempo.
Parece existir só na minha imaginação.
Tem uma parte da Marcílio que não mudou.
O edifício grande é o único
o homem da venda é o mesmo.
O primeiro já morreu
mas o substituto é o mesmo.
O jogo do bicho
no mesmo lugar.

Ainda está lá o corredor misterioso
a vitrina da confeitaria dobrando a curva.
Dona Cota morreu
mas continua a sacada abanando em seu lugar.
E aquele cheiro de flora
de umbanda, monóxido de carbono.
No fim da rua demora uma avenida.
Esperava ônibus
e passava a vida lotada.

Dali, sempre dali
estando em milhares de outros lugares
continuei indo até o outro lado
onde não faz muito
construíram um shopping.

Tem um pedaço da Marcílio que não mudou.
Tem um trecho de mim que é igual.

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