Ao pisar, o chão reclama.
A porta é pedalada.
A palavra é incompreendida.
O gesto confunde.
O corpo gira.
É lá vem insurreição.
Descompromisso com tudo,
uma desfiliação.
Há todas as sedes,
menos a de poder,
e o próprio poder...
Porque tudo é, e não é.
É a insurreição que te convida
pra dançar nú,
diante do puritano.
Quero ser motim,
Quero ser desconforto.
Viva, como se morresse.
Há insurreição
no modo como faço amor;
na minha vontade de te dividir
e ser dividida.
Há insurreição
no desejo que tu proves,
e no meu, de ser provada.
Há sublevação quando
escrevo a mão,
apenas pra que conheça
a intimidade da minha letra.
Quero que te percas,
não nas minhas curvas,
mas nas minhas linhas.
Vocês dão importância,
pra aquilo que não tem.
Então,
levanto a minha saia.
Há rebelião no fato de ser casada.
E só os velhos
podem compreender outros velhos.
É insurreto desligar as antenas
e ligar a pineal.
Enquanto uns calam,
outros transbordam.
Enquanto uns correm,
outros voam.
Enquanto tu dorme,
eu insônia.
O grito assusta,
porque é a voz de todos
aqueles que tem medo.
Sou oposição, paradigma,
senhora dos antagonismos.
Das coisas assustadoras,
nada é pior que o óbvio.
Então,
levanto a minha saia.
Insurreto é meu credo,
a fé que eu professo.
Há muito mais rebelião
no ateu que pondera sobre deus.
E eu vou, antes que vente.
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