Entre sem se perder...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Amor à milésima vista


A década escorreu pelos dez dedos
das mãos que já eram tuas.
Perdão, mas...
A obviedade não perfaz o mistério.
Celebramos casamentos necessários,
funerais previsíveis.
À primeira vista nos enganamos,
e a segunda e a terceira...
Talvez tenhas olhado demais os meus pés
e visto pouco os meus olhos?
Não fomos honestos conosco,
mas também não fomos sinceros
com os outros...
Frente à frente
nos assustamos
com a própria imagem refletida.
Fugimos de nós mesmos.
Consagramos a ilusão,
o encontro sempre vestido para sair.
À deriva, nunca importa a direção.
Naufragamos em nossas próprias dúvidas...
As interrogações borraram o mapa,
cansaram a bússola.
Não se questiona
uma exclamação no peito
e um ponto final para o alento das pernas.
Mil vezes precisei te ver,
me ver, mil vezes, tu precisaste.
As cortinas se fecham...
O universo se recolhe
da odisseia que foi
nos fazer reconhecer.

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