Entre sem se perder...

domingo, 23 de março de 2014

Transbordando



O arrastão sonha
seus próprios tesouros.
Amores blues
em cânticos de sereia.
A metade peixe de toda a mulher
frequenta o vapor do fogo.
Nossa outra parte
toma banho de vento
em noites cheias e eternas.
Quebra onda e paradigma.
Do mar de dentro,
rebentação.
Somos nós,
cavalgando nossa própria solidão.
Inventamos mitos e contos
lindos de acordar.
O tempo é o desperdício de inventar
a melhor mentira pra que se acredite.
Se meus olhos te veem,
secam minhas escamas.
Passamos a temer tsunamis.
Em gotas,
te oceano mais uma vez.
Trocamos águas passadas,
mágoas e confidências.
O mar até leva,
aquilo que não se pode dar conta.
Como ostra
me embalo pra presente.
De grão em grão
vou transformando tudo
neste aperolado modo de sobreviver.
Sigo afeita ao pranto mais belo.
Ao invés de fazer amor,
inundo o teu barco,
na esperança de que
tu afundes comigo.
Salve o sal da tua saliva!
Oferendam-se breves alegrias,
à ondinas e nereidas
que te cercam
quando te banhas em mim.
Não há nada nesta fábula de existir
que lembre tristeza ou depressão.
Vivo parecendo uma afogada,
porque o canto de qualquer Iara
é puro choro e lamento.

Nenhum comentário: