Venus (detail), by Henri Pierre Picou (1824-1895), French
Os longos fios hão de te percorrer.
Odores breves se acumularão.
Onde repousa um estreito brilho de sol,
lá estará a indicação do caminho.
Siga as retas...
também as curvas.
Haverá vales e montanhas...
refúgios úmidos
e uma relva baixa,
esplendorosamente dourada.
Não se pode cultivar girassóis à noite.
Amanheça,
que te acordo.
A cada dia,
o amanhã é menos profano.
Estas madeixas desfilam
a majestade que se disfarça de mulher.
Faz desta cortina vermelha,
teus lençóis.
Toda trama,
ricamente engendrada,
pode te afogar em mechas.
Condenado a gadeia.
Tira minhas salamandras para dançar
e procura ondinas nas cavidades.
Enrosca-te no labirinto
que cairá sobre o teu rosto.
Permita amor,
que os silfos te desmascarem de vez.
Desacortina-me
sobre esta colcha terracota,
recamada por gnomos.
Não á toa,
mantenho este capricho.
Então,
despida de tudo,
na tua frente,
nunca parecerei,
absolutamente nua,
te iludindo sempre
quanto a descobrir
um novo mistério.
E tu curioso,
me possuis um milhão de vezes,
e a cada vez,
em tuas mãos,
me torno,
cada vez mais casta.
Um comentário:
morrer e renascer, depois de tudo ... toda essa construção vida, morte e vida é linda.
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